quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

MANIFESTO PELO CORREDOR CULTURAL DE PETRÓPOLIS

Quando uma solução se mostra positiva para todos, deve ser adotada imediatamente.

Produzir e consumir cultura são direitos essenciais de todo cidadão. O direito de descansar em sua própria casa também. Cabe à lei garantir esses direitos, bem como criar condições para que esses interesses não entrem em conflito. Não é o que acontece em Petrópolis.

O mercado de entretenimento em Petrópolis é regido, há décadas, por um conjunto de leis que, na teoria, só contempla aqueles que querem descansar, e na prática não contempla ninguém, já que tem como objetivo a impossível missão de inibir manifestações culturais entre grupos de pessoas. Fazer arte e se emocionar com arte é inerente ao ser humano, por isso qualquer conjunto de regras que se proponha a reger atividades artísticas deve seguir a direção da regulamentação, nunca da coibição. Em outras palavras, as leis de Petrópolis, aparentemente querem “acabar com a bagunça” nas regiões centrais da cidade, mas acabam criando uma bagunça ainda maior, já que tentam evitar o inevitável: pessoas cantando, tocando, dançando e atuando, e outras pessoas se emocionando e se divertindo com isso.

O código também é ineficaz em garantir o repouso daqueles que querem descansar, já que estimula o uso desorganizado dos espaços da cidade, o que muitas vezes leva multidões a casas noturnas em áreas estritamente residenciais. O código de posturas de Petrópolis se apoia na ideia equivocada e perigosa de que, desestimuladas, as pessoas deixarão de sair de casa em busca de lazer e diversão. Não deixarão. Nunca.

Como se não bastasse, o código de posturas desencoraja a formação de um mercado que contribuiria diretamente para o desenvolvimento do turismo (não deve ser à toa que cultura e turismo constituem uma só pasta na administração municipal). Contribuiria também para a preservação do rico patrimônio histórico e arquitetônico da cidade. Hoje, o empresário interessado em investir em cultura em Petrópolis deve pensar duas vezes, já que a lei lhe impõe inúmeras dificuldades, incertezas e obstáculos e pouco (ou nenhum!) incentivo. E, com isso, empregos deixam de ser criados.

Com a intenção de transformar Petrópolis numa cidade mais democrática, onde a lei é feita para todos, esse manifesto vem sugerir a criação de um Corredor Cultural no 1º Distrito. Uma área estritamente comercial, onde as regras incentivem o desenvolvimento organizado de  atividades ligadas à cultura e ao entretenimento. No Corredor Cultural, todos ganham. O empresário terá o respaldo da lei para  investir em cultura. Terá incentivos para criar e desenvolver espaços de lazer voltados para as artes. Sejam bares, casas de shows, boates, centros culturais, academias de dança, teatros e tudo que venha contribuir para o pleno desenvolvimento de um mercado de cultura em Petrópolis, uma cidade que inegavelmente nasceu com tal vocação. O cidadão consumidor de cultura terá opções diversas e estruturadas, concentradas em uma única região, evitando longos e as vezes perigosos deslocamentos. A Prefeitura Municipal de Petrópolis cumprirá o seu papel constitucional de garantir a todos os cidadãos acesso a cultura, lazer e arte. O cidadão que quer descansar também terá o seu direito assegurado, já que o corredor será implantado numa área comercial com o menor numero possível de residencias, desafogando as áreas residenciais. Os artistas petropolitanos terão, enfim, espaços adequados para exercer e desenvolver seus dons.
           
Por concentrar diversas expressões em um pólo de cultura, o Corredor Cultural promoverá o encontro e intercâmbio entre diferentes tipos de manifestações artísticas, o que ajudará na formação de uma identidade cultural petropolitana. Petrópolis não quer ser uma cidade-dormitório. Petrópolis tem história, belezas naturais e longa tradição na formação de artistas. Só precisa de incentivo.